T.P.V: Violência contra o Homessexuais

"O Brasil é país onde mais se mata homossexuais no mundo todo", diz o antropólogo e militante gay Luiz Mott em seu novo livro, nos informa artigo veiculado pelo UOL Educação; a própria presença do artigo no site de "educação", encabeçado pelo título "Vergonha" já é sintomática ---especialmente para o internauta que não se limita a ler o título e a chamada ("Brasil é líder em homofobia; religião alimenta o preconceito") da matéria, exercitar-se no seu obrigatório lip service de 30 segundos de indignação, resmungando, "que país é esse?!", e voltar ao site da "Casa dos Artistas", bem menos repetitivo que o discurso habitual de Mott e congêneres ----sim, se o internauta dá-se ao trabalho de ler a reportagem, a julgar pelo que leu e somente por isso, não saberá com certeza ---ele sempre poderá, é claro, fiar-se na palavra do Mott ou do repórter sem nome e assim encerrar o assunto ---se à nossa marca de 132 assassinatos de homossexuais/ano pode mesmo ser imputada como causa a tal homofobia em que o Brasil é campeão mundial (1). A própria definição "crime de ódio", que nossos militantes importaram dos EUA, deveria ser usada com um pouco mais de parcimônia: afinal, quem sabe o que vai na cabeça do outro? Será que em todos esses crimes o perpetrador lavrou em cartório declarações de ódio aos gays, ou dedicou-se a um breve cerimonial de profissão de fé em ódio tal antes de matá-los?

Quais foram, falando nisso, os países pesquisados? Incluíram-se na pesquisa países onde impera o fundamentalismo islâmico, ou ditaduras totalitárias como Cuba? Se sim, será que o fato de neles a perseguição a homossexuais ser institucionalizada, e o homossexualismo em vários deles visto como crime passível de sanções legais que incluem frequentemente a pena de morte não lhes deveria granjear um lugar de maior destaque no pódio do que o dado ao Brasil, que, apesar dos 132-gays-mortos/ano, número que empalideceria se contextualizado junto ao total anual de vítimas gays e não-gays de morte violenta (o que poderia sugerir, para o pesquisador não tendencioso, que a violência atinge democraticamente hetero e homossexuais brasileiros), ainda é o país onde mesmo o governador evangélico de um estado importante, por pressão da opinião pública, se vê obrigado a retratar-se após ter repudiado o homossexualismo como pecado?

Estas são algumas das perguntas não só não respondidas, mas sequer feitas. Por estas e outras razões, semelhante matéria ---pura propaganda, como se verá ---no site de "Educação", é nem digo mais um sintoma do estado da educação no momento, mas lhe cai como uma luva; a educação moderna não passa mesmo, afinal, de doutrinação e adestramento, e o leitor da matéria, se passou pela escola ou está nela, muito provavelmente já foi doutrinado no assunto e perguntas inconvenientes como essas não lhe afloram à mente. (É uma pena que os amestradores não sejam tão bem sucedidos no fazer seus alunos aprenderem tarefas simples como ler e escrever (2)...)

Mas vamos aos números ---o leitor que, malgrado seu, hesita em se deixar educar pelo antropólogo e pelo site, poderá, a essa altura, perguntar-se com propriedade se, caso alguém se dispusesse a arrolar dentre os casos de assassinato no país aqueles em que a vítima tem orelhas de abano, e se saísse com um número formidável como o encontrado por Mott para os gays, daí se poderia concluir que os orelhudos são uma minoria perseguida, que existem milícias e cultos e partidos políticos dedicados a seu extermínio, que não existem casos em que o fator orelha não tenha sido a causa do crime, e que é preciso, portanto, leis anti-discriminatórias para protegê-los, affirmative action, etc. O orelhudo, porém, tem a vantagem (ou desvantagem, se tomamos o ponto de vista dos hipotéticos militantes orelhudos) de não ser vítima fácil das estereotipizações ---o orelhudo não é, no imaginário popular, um avarento, um mocorongo nem nada do gênero, mas apenas isto: um orelhudo ---e, infelizmente, muitos sequer têm consciência de classe e submetem-se a cirurgias plásticas que os privam da sua peculiaridade, da sua singularidade, da sua identidade... (a primeira preocupação dos militantes orelhudos deverá ser, pois, conseguir que a Ordem dos Cirurgiões Plásticos do Brasil proscreva a assim-chamada "correção" de orelhas supostamente "de abano") Já os gays, muitas pessoas preconceituosas os julgam criaturas subjugadas e escravizadas pelas suas paixões mais baixas, e, por isto, põem fé no estereótipo de que todo crime onde haja um deles envolvido é "passional". O professor Mott desmente: "dos 132 casos de mortes violentas de homossexuais, apenas 8 crimes foram passionais e 5 ocorreram por motivos fúteis", diz ele. Quais serão, nosso leitor poderá se perguntar de novo, estes motivos que o antropólogo chama de "fúteis"? "Fútil" por que não rende mais tarde dividendos políticos para a classe e militantes, será isso?

0 comentários:

Postar um comentário

 

Ana Paula Viana © 2008. Design By: SkinCorner